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O Rock jamais morrerá (enquanto voz de rebeldia)

Atualizado: 30 de mar.

 



Sou velho. Ou posso estar velho. E se não é evidente no físico, pois digo que o sou na alma. Porquê? Porque sinto uma enorme dificuldade em entender o sentido ou profundidade da música atual. Enquanto aficionado na sua essência, nunca fui fechado a qualquer género musical, ouço praticamente todo o leque de ofertas, obviamente com preferência por alguns deles e menos por outros. Essa é a razão pela qual me acho com alguma legitimidade para afirmar o título desta crónica. Encontro nesses estilos inúmeras emoções, mas nenhum foi capaz de transmitir tão bem a força e a raiva da rebeldia adolescente. O Hip-hop e especialmente o Rap andaram perto e ameaçaram esse lugar do rock, e ainda assim ficou aquém, provavelmente por se identificar muito mais com um ambiente urbano, enquanto o rock se tornou muito mais transversal. E ainda porque um beat jamais terá a força e raiva de um riff. Podemos ainda analisar isso historicamente.

Nos anos 60, as melodias eram o espelho de uma geração que celebrava a paz, a alegria e a renovação após os horrores da II Guerra Mundial. Bandas como The Beatles e The Rolling Stones evocavam paz, a esperança e a euforia em músicas como "Imagine", "Hey Jude" (I can´t get no) Satisfation" ou " Simpathy for the Devil". A geração mais nova tinha liberdade e vontade de se fazer ouvir. E tinham também agora disponível a descoberta de um novo instrumento. A guitarra elétrica.

Nos anos 70, apelidados de ressaca dos 60, o rock assumiu uma postura mais crítica e desafiadora. O punk rock surgiu como um grito de descontentamento da classe trabalhadora, denunciando injustiças sociais e combatendo a apatia. Nomes como os Sex pistols tornaram-se míticos e mostraram que três acordes chegavam para chatear os pais e até, quem sabe, mudar o mundo. O Metal veio confirmar e reforçar essa atitude, sendo os Iron Maiden um dos melhores exemplos. Os anos 80 trouxeram uma explosão de energia e excentricidade, com o rock a dominar o cenário musical. A atitude de uma geração que queria liberdade das amarras do conservadorismo, materializou-se em bandas como Möttley Crüe ou Guns nˋ Roses. O rock estava tão presente, a toda a hora, que até quem não sabia tocar guitarra reconhecia um solo do Slash.

A década de 90 marcou o crepúsculo da rebeldia musical. O grunge e o rock alternativo trouxeram uma melancolia reflexiva. Provaram que o rock não precisa de roupas extravagantes para ser ouvido e transmitir mensagens, mas já prenunciavam a perda de força do movimento.

Após a viragem do século e do milénio, a música parece ter entrado num estado de letargia. Todas as músicas são produzidas sob a mesma fórmula estudada de sucesso. Não se correm riscos. Atualmente, uma banda se quer encher estádios, tem de ser popular no Tik Tok. Poucas bandas conseguem deixar a sua marca por décadas e o rock, que antes liderava revoluções culturais, tornou-se um nicho dentro da indústria. Seria de esperar que com o advento de plataformas como o iTunes ou Spotify, chegasse a mais gente, mas anda perdido entre o reggaeton e as mixes lo-fi para estudar. Quem sabe, não ressurgirá como voz de uma geração cansada da mesmice das playlists iguais em todas as rádios, a decidirem os gostos da mob. Quem sabe os meus netos, não descobrem que um riff de guitarra bem tirado, faz mais pelo espírito do que o discurso de um qualquer coach.

2 commentaires


Invité
29 mars

Rock never dies 🤘

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Invité
18 mars

Sendo eu uma adolescente, que tem a possibilidade de vivenciar os dois lados, concordo com este tema aqui abordado. E é por isso que o rock é o meu estilo musical preferido.

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