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A beleza depois dos 40

Atualizado: 6 de jul. de 2024



Sem dúvida que os nossos gostos pessoais vão-se refinando com a passagem dos anos. E eu, como apologista da beleza, não sou exceção. Os meus quarentas já se encontram num estágio avançado. E quanto mais avançam os anos, a idade das mulheres que vou apreciando também. Acho isso perfeitamente saudável, porque se ainda continuasse a apreciar miúdas de 13-15 anos estaria na cadeia.

Muitos de vocês não se importariam com estas divagações, mas como sou um espírito curioso (e algo tresloucado) dou por mim mesmo a estudar estes temas tão inócuos, como apreciar a beleza feminina das mulheres com mais de 40 anos.

Quando tinha 18 anos, olhava para as mulheres com mais de 40 como velhas. Sim, ok. Entre amigos podíamos falar do bom que seria "engatar uma quarentona", e até tinha um caso desses no meu círculo de amigos. Mas não era nada que me chamasse a atenção. Com a idade isso foi-me passando. E ainda bem!

Quem me conhece sabe perfeitamente que sou um amante e estudioso da cultura japonesa. E principalmente das suas artes estéticas. Para quem não sabe, os critérios japoneses de "beleza" são um bocado diferentes dos nossos (os japoneses são um bocadinho raros, tal como eu) E há um conceito que se destaca. O Wabi-Sabi. É muito difícil explicar este conceito em poucas linhas. Mas em resumo Wabi-Sabi significa aceitar a imperfeição. Procurar a simplicidade, o desgaste, a modéstia como atributos de beleza. É conseguir ver a beleza em tudo, até nas coisas mais insignificantes da vida. Gostar das rugas e das fissuras causadas pela passagem inexorável dos anos. Pois as coisas novas, lisas e sem ferrugem não têm histórias para contar. Em suma, algo muito emocional e saudosista.

Posso dizer que este conceito se pode evocar na perfeição quando falamos da beleza feminina depois de certa idade. Os cabelos brancos transformam-se em fios de prata. As "patas de galo" destacam ainda mais os olhares. As rugas são os sulcos por onde percorrem os sorrisos. As peles mais flácidas, a celulite e as manchas são marcas inequívocas duma história que cada mulher pode narrar em primeira pessoa, e que devemos escutar com atenção. O importante é saber que por detrás destas marcas está toda a beleza de outrora. E assim como o escultor, que remove o excesso de pedra para mostrar a obra, devemos ter o trabalho de retirar mentalmente as marcas que a idade tem efetuado, e desfrutar da mais intrínseca beleza.

Contudo, há uma coisa que reparo sempre, e que considero sumamente importante. O olhar. Dizem que os olhos são o espelho da alma. E revelam muito. Se esse olhar se encontra apagado, se já não se assemelha ao de uma criança curiosa, se não tem um bocadinho de malícia, se não aporta firmeza e maturidade, se não revela autoestima, então é possível que esteja perante alguém que abandonou a sua beleza. Que a tristeza, o desleixo, ou o desânimo estejam a fazer estragos. Alguém que morre lentamente e necessite de ajuda para voltar à vida.

Por isso, agora desfruto desta beleza como se fosse à primeira vez que o fizesse. Brindemos às quarentonas, cinquentonas e muito mais. Para se manterem belas, saudáveis e vaidosas até ao fim. A gente agradece.

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