... geração
- Bárbara Leston Bandeira
- 23 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jul. de 2024

A definição de uma geração não é uma coisa linear. Não é sempre igual, porque depende de inúmeros factores, mas de uma forma muito geral, podemos agrupar pessoas que nasceram mais ou menos na mesma altura, que vivenciaram os mesmos acontecimentos e que partilham histórias em comum numa única geração.
Todos nós ouvimos falar dos “Baby Boomers”, os bebés que nasceram depois da segunda Guerra Mundial, propulsionados pelo crescimento da economia no pós-guerra. Estas pessoas eram jovens adultos na década de 1960, são os pais da infame Geração X, que atingiu a idade adulta na década de 1990. Os Millennials são os filhos da Geração X, entraram na idade adulta na década de 2010, estão agora a entrar nos seus 40 anos, já são eventualmente pais de uma geração seguinte: a Geração Z, a entrar agora na idade adulta.
Esta linha temporal é, como disse, simplista, podendo abranger diferentes datas de início e de fim para cada grupo geracional.
Em 2014, a autora Sarah Stankorb propôs a existência de uma micro-geração, os Xennials, que encaixam entre a Geração X e os Millenials. É um grupo de pessoas, nascidos entre 1977 e 1983, que se identificam com características do período geracional anterior e do seguinte. Não tenho a presunção de saber tudo sobre o assunto, pelo que vos remeto para uma pesquisa, caso vos interesse saber mais. Neste ponto basta-me partilhar convosco que sinto que encaixo muito bem aqui, entre estas duas gerações, com as quais partilho crenças e vivências.
Ainda me lembro de ter 13 anos. A internet já tinha nascido, alguns de nós já tinham um computador pessoal em casa (eu ainda estava a convencer a minha mãe a comprar-me um). Quando queríamos falar ao telefone com os nossos amigos, passávamos pela vergonha de telefonar para casa, falar com quem fosse que atendesse o telefone, e talvez conseguíssemos apanhar a pessoa com quem queríamos falar. Porque naquela altura, ninguém tinha como ser contactado 24 horas por dia, em qualquer lugar onde estivesse. Éramos livres.
Havia 4 canais de televisão, a TV por cabo era uma coisa que só existia nos filmes. Não tinhamos ecrãs de espécie nenhuma à nossa frente durante a maior parte do tempo em que estávamos acordados. Tinhamos tempo para ler, para usar a imaginação. Mexíamo-nos mais, socializávamos mais com as nossas pessoas.
A pré-adolescência não é fácil para ninguém, mas quando eu tinha 13 anos, as únicas comparações que fazíamos era entre nós, amigas, ou com quem aparecia na televisão. Naquela altura, queria muito ter o cabelo liso, porque era o que as séries e os filmes nos vendiam.
Alguns anos mais tarde, a internet começou a invadir as casas de toda a gente. Já podíamos falar com pessoas do outro lado do mundo, sem nunca saber o nome verdadeiro, a cara, se eram quem realmente diziam ser. Ao mesmo tempo que os nossos horizontes se expandiram exponencialmente, os perigos a isso associados também começaram a dar um ar de sua graça.
A minha geração, a Xennial, entrou na idade adulta a aprender a viver neste mundo novo. Assim como as pessoas da geração anterior, ainda que os mais velhos já fossem adultos, menos impressionáveis que os pré-adolescentes e adolescentes desta época. Todos nós nos adaptámos a esta nova realidade. Ainda somos do tempo em que brincávamos ou só ficávamos na rua até o sol se pôr.
À semelhança do que acontece com os Milennials, a minha micro-geração também aprendeu que os sentimentos importam. Valorizamos saber o que os outros sentem, como é que as nossas acções impactam os outros. O bullying ganhou nome, deixou de ser apenas uma coisa que os miúdos faziam uns aos outros nos intervalos da escola.
Mas aqui sobressai também um aspecto em comum com a geração anterior: não nos ofendemos facilmente com a opinião dos outros. Todos têm direito a ela. E nós temos o direito de a ignorar e de seguir a nossa vida como nos convém. Somos livres para isso.
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