... liberdade

Vivemos em liberdade. Eu sou livre. Nasci livre. Continuarei livre? Morrerei livre? Não temos como saber. A liberdade é um bem precioso e frágil. Ainda que signifique diferentes coisas para cada um de nós, tal como uma eterna criança, precisa constantemente ser acarinhada, incentivada, deixada à solta – mas com alguma vigilância, porque há limites a que temos de estar atentos. Do alto do meu poleiro livre, posso tudo o que eu quiser, respeitando a liberdade do outro - porque afinal, como diria a minha professora de português do 8º ano, a liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro. Com a minha liberdade, posso votar, posso criticar o governo e qualquer partido político que eu quiser – porque somos livres e temos vários por onde escolher. Posso estudar até quando eu quiser. Posso ter uma profissão e não ser “apenas” dona de casa – melhor que isso, não sou obrigada a sê-lo. Ainda que perdurem muitas noções das nossas avós, até das nossas mães, não fui educada para ser parideira e propriedade de um homem. Sou de mim própria. Apenas a mim devo a obrigação de fazer mais e melhor. Posso vestir calças, saias e todas as combinações que se possam inventar – mesmo que hoje comece a haver quem queira impor (de novo) limites ao que cada um queira vestir. A intrusão na nossa liberdade, as limitações ao que nos “deixam” vestir, dizer, fazer, ir, começa assim, devagarinho. E nós vamos deixando. Porque com a liberdade vem tolerância e respeito por formas diferentes de pensar e agir. Mas há limites a que temos de estar atentos. Há protestos que temos de fazer atempadamente, para que, de repente, não demos por nós de novo presos às vontades de terceiros. Do alto do meu poleiro livre, não julgo quem escolhe diferente de mim. Quem é feliz cuidando do ninho, do marido e dos filhos, quem gosta de ter a casa impecável e quem rejubila no cuidado do outro. Tudo o que espero, com toda a liberdade que cada um tem, é o favor em retorno. Respeitem as minhas escolhas, não julguem as minhas decisões. Porque é para isso que somos livres. Ainda que sempre atentos.