... mais velha
- Bárbara Leston Bandeira
- 13 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de jul. de 2024

A minha mais velha é uma adolescente de 13 anos. Não é minha filha, é minha sobrinha e a primeira criança da família mais chegada a nascer no século XXI.
É extraordinariamente desafiante tentar ver o mundo pelos olhos dela. Que preocupações é que lhe ocupam os pensamentos? E os das amigas delas? O que é que as move? O que é que aspiram ser e fazer?
É aqui que acho fascinante perceber o que é que move uma geração inteira. Se eu pertenço a uma microgeração madura, bem identificada e documentada, a geração alfa, da qual a Carolina faz parte, é ainda, de certa forma uma incógnita. Diz quem percebe do assunto que este ano nascerão os últimos alfas – o que quer dizer, na prática que, quem nascer em 2025 já fará parte de uma geração nova.
A geração alfa é a primeira geração a nascer totalmente no século XXI, a nascer e crescer completamente imersa num mundo tecnológico e de redes sociais, de telemóveis à mesa de jantar, de crianças a dizer as primeiras palavras com sotaque do Brasil, porque é o que aprendem nos vídeos do Youtube.
Chegam à adolescência e já são bombardeados com Inteligência Artificial a fazer de tudo um pouco: gera imagens, cria textos, escreve código. Só não lava a loiça e arruma a casa... por enquanto. As redes sociais e a idealização de um estado permanente de felicidade e perfeição são coisas que me preocupam profundamente (mas que adulto é que nunca pensou: “Esta juventude está perdida!”?). Principalmente por criarem a expectativa de que temos de viver num estado permanente de beleza, acalmia e simetria. É uma fonte de ansiedade para nós adultos, imagine-se quanto não o será para cérebros ainda em formação!
O mundo está em constante mudança. Guerras constantes, cada vez mais violentas, o clima instável e inconstante, a economia a sofrer sobressaltos, uma pandemia que possivelmente (certamente?) terá atrasado a aprendizagem destas crianças, um futuro incerto.
Terão sofrido estas preocupações todas as pessoas que vieram antes de nós? Passarão por estas inquietações todas as pessoas que vierem depois de nós?
Gostava muito de poder deixar um mundo melhor para a minha Carolina e para todas as Carolinas. Por isso, é nossa responsabilidade ensinar a esta nova geração a brincar na rua, a não perder o contacto em pessoa, a aceitar as imperfeições e as diferenças, porque não somos todos iguais e é aí que reside a nossa força, a tirar os olhos dos ecrãs e a pô-los no horizonte (até porque há estudos que comprovam que as crianças de hoje em dia sofrem mais de miopia porque não têm espaços desafogados para contemplar). É responsabilidade das gerações adultas garantir que as gerações de crianças e adolescentes tenham as ferramentas necessárias para continuarem a ser livres, neste mundo instável, duro e violento. Ensinemos melhor. Façamos melhor.
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