... versatilidade
- Bárbara Leston Bandeira
- 7 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de ago. de 2024
Algumas pessoas nascem com a capacidade única de serem extraordinariamente bons numa área. Da Física, à representação, da Matemática, à programação, das Letras à Música. Excelem no seu metier. Sou profundamente invejosa destas pessoas.
Haverá também pessoas que se identificarão com o que quero dizer. Sei um bocadinho de muita coisa. Quando fiz testes psicotécnicos no 9° ano, há muitas luas atrás, para me preparar para a escolha da área a que seguir no 10° ano e daí para a frente, o meu resultado indicava igual aptidão para Ciências e Letras, ou Humanidades. Não era semelhante, não era aproximada. Era igual.
Nesta altura da vida de uma quase adolescente, teria sido muito útil uma indicação clara de que caminho seguir. Mas não foi isso que aconteceu. A decisão caiu para o lado daquilo que seria mais inteligente fazer: seguir uma área que fosse financeiramente viável. Porque todos precisamos de um trabalho que nos sustente, e já agora, que proporcione uma vida simpática.
Segui Ciências. Sabendo o que sei hoje teria sido muitíssimo inteligente seguir Ciências da Computação, vulgo Engenharia Informática. Mas não foi isso que fiz.
Com tanto potencial para tanta coisa diferente, com tanta versatilidade, andei muitos anos perdida nas minhas decisões porque não sabia o que queria, porque nada do que escolhi, até há relativamente pouco tempo, me deixava com a sensação de “é isto que eu sou boa a fazer”.
Porque sou relativamente boa em algumas coisas, muito boa em duas ou três, mas infelizmente estas não são das que proporcionam a tal vida confortável que eu ambiciono ter. (Também sou muito má noutras coisas, mas essas agora não vêm ao caso.)
Amargurei com as minhas escolhas durante muito tempo, ate que percebi que o ingrediente que faltava é a realização que aquilo que fazemos nos trás. Tem sido essa a minha luta. Fazer razoavelmente bem, se possível muito bem, qualquer coisa que me deixe a sensação “gostei mesmo muito de fazer isto”.
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