... ambição
- Bárbara Leston Bandeira
- 2 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Digo sem qualquer pudor que sou uma pessoa ambiciosa. Com menos pudor ainda, e com muito orgulho, que sou uma mulher ambiciosa. Quero chegar o mais longe possível na minha carreira profissional, seja a escrever coisas que talvez nunca sejam lidas, seja a trabalhar com tecnologia. Quero tudo da vida: o amor, o trabalho, o dinheiro, a saúde, a família e tempo para usufruir de tudo o mais possível. É ambicioso, sem dúvida.
Se eu tivesse nascido 10 anos antes, qual seria a minha ambição na vida? Casar e ter filhos? E se tivesse nascido 10 anos depois? Quereria viver uma vida nómada, sem me preocupar com estabilidade e segurança, trocando de emprego sempre que ficasse insatisfeita?
Cada um é livre de querer o que quer, e eu quero tudo. Sou insatisfeita por natureza, abraço os desafios todos, porque por detrás desta ambição toda, está o desejo de ter estabilidade e realização pessoal.
Cresci com o privilégio de não ter limites ao que me é permitido querer. Nunca senti que, por ser mulher, não podia chegar tão, ou mais, longe do que qualquer homem. Nunca me senti merecedora de menos, por ser mulher. Acho, honestamente, que o género em nada condiciona as nossas capacidades para desempenhar qualquer tarefa, desde que gostemos do que estamos a fazer. Se falta capacidade física, compensa-se com paixão e dedicação.
Por isso, quero tudo.
Mas às vezes, por querer tudo, corro o risco de entrar no ciclo de nunca estar satisfeita com coisa nenhuma, porque pode sempre ser mais, pode sempre ser melhor. E se nunca for? E se aquele emprego, aquele amor, aquele momento, é o melhor que alguma vez vamos conseguir ter?
Este pensamento é extraordinariamente deprimente. Por isso não me permito tê-lo. E continuo sempre à procura do melhor. Mas também me obrigo a viver no momento. Uma coisa é procurar oportunidades de melhorar, de chegar mais longe e mais alto; outra coisa é nunca saber saborear o que se tem no momento.
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