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... estupefacção

Atualizado: 12 de fev.


A cada 4 anos preparo-me para renovar a minha fé na humanidade. A cada 4 anos é eleito um novo presidente dos Estados Unidos. E a cada 4 anos eu fico seriamente preocupada com o futuro da humanidade.

Os Estados Unidos são, como disse uma amiga minha, o irmão mais velho altamente popular que sempre idolatrámos enquanto crianças. Tudo o que fazem é o melhor do mundo, as pessoas são incríveis, queremos ser exactamente iguais a eles quando crescermos.

O problema é que crescemos mesmo. E, como em tudo na vida, as coisas perdem brilho. Mas aqui o problema não é só este irmão mais velho super cool ter perdido o brilho porque agora somos mais vividos, conhecemos mais mundo e coisas ainda mais cool. O problema é que este irmão mais velho está a dar-se com péssimas companhias e parece que está a emburrecer.

Não obstante este declínio, eu ainda consigo ficar absolutamente embasbacada com as coisas que se passam por lá. Não estou propriamente surpreendida com não terem eleito uma mulher como Presidente - afinal de contas, são preconceituosos e machistas. Também não estou totalmente surpreendida porque o agora Presidente eleito ter ganhado em todas as vertentes (leia-se, voto popular e o colégio eleitoral).

Aquilo que verdadeiramente me tira o chão é que as pessoas acreditam primeiro que vai ser Donald Trump à frente do destino dos Estados Unidos (e não o óbvio governo sombra que o rodeia) e, segundo que é ele o salvador da pátria, que vai pôr ordem no país. A economia começava a dar sinais positivos (ainda que os mercados tenham exultado no rescaldo da eleição deste capitalista), e agora a ameaça de tarifas às importações vai causar o caos na inflação. Não sou eu quem o afirma, mas especialistas às mãos cheias. Mas o trabalhador de colarinho branco, como por lá designam a classe trabalhadora, que por cá se assemelharia ao proletariado, não se deixa seduzir pelas paletes de celebridades que não passam dificuldades, pelas palavras de união de uma mulher que se opõe a um senhor que diz que vai resolver tudo. Ninguém quer saber de cantar canções à volta da fogueira... as pessoas querem é estar sentadas no conforto das suas casas, sem pagar fortunas para as aquecerem e para porem comida na mesa, e terem alguém que podem acompanhar na televisão que lhes vai resolver os problemas.

 

Este irmão mais velho está agora velho, barrigudo e só quer saber da sua cerveja enquanto vê a Super Bowl e a mulher limpa a casa e os putos berram num qualquer canto da casa.

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