... resistência ao medo
- Bárbara Leston Bandeira
- 4 de set. de 2024
- 2 min de leitura

O medo é aprendido. Lembro-me de me ter dado conta disto há uns anos, quando de repente tive medo de fazer qualquer coisa, que dantes não tinha.
O medo é um mecanismo de defesa. Aprendemos a ter medo do fogo, de quedas, de coisas pontiagudas e afiadas, de ir para sítios desconhecidos, de pessoas desconhecidas. O medo é resultado de experiências que nos magoaram, que não nos correram bem à primeira, às vezes à segunda ou mesmo em vezes posteriores. Por isso é uma coisa boa, protege-nos de más memórias e de situações que “sabemos” que não vão correr bem.
O medo é uma coisa aprendida, boa. Mas com peso e medida. Com discernimento. Sem nos tolher e impedir de viver a vida.
Na minha vida, a mudança é uma constante. Mudar de trabalho, de cidade, de amigos, de namorado. Passo muitas vezes pela segunda ou terceira vez de uma circunstância que já no passado não correu da melhor maneira. Era de esperar que já tivesse medo. Mas há coisa de que ainda não aprendi a ter medo. Quando me lançam um desafio, eu não digo que não. Não lhes sei resistir. Vou tendo mais cuidado, há coisas que eu já sei que não vão correr bem. Mas não é por medo, é porque me conheço melhor.
Do que é que eu tenho medo? Pelos outros, pelas minhas pessoas. Medo que não consigam viver a vida em pleno, que se deixem prender em “cobertores de segurança”. Que não arrisquem nunca, porque é mais seguro ficar no mesmo sítio.
Tenho um medo crescente da solidão, de não saber envelhecer, de achar que sou jovem até ter a cabeça branca. De expectativas defraudadas, as minhas e as dos outros (mais as dos outros...).
Medos aprendidos, que não nasceram comigo. Mas ainda assim, resisto-lhes. E vivo, como se todos os acontecimentos fossem o primeiro.
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