Pelos olhos da minha... Primavera
- Bárbara Leston Bandeira
- 4 de abr.
- 1 min de leitura

Tenho uma relação especial com a Primavera. Nasci com ela. Esperei o fim do rigor do inverno para entrar no mundo aos berros.
Tenho vivido os últimos meses numa espécie de hibernação. Em retrospectiva, os meus invernos são quase todos assim. Os dias mais pequenos, escuros, frios fazem com que me recolha à concha. Amaldiçoo o frio, o vento e a chuva, e a escuridão omnipresente. É o tempo de a natureza se recolher, de se proteger da intempérie, de dormir e descansar. E durante todo este tempo, mal posso esperar que regresse a luz da Primavera. Aquele quentinho na pele, os dias maiores, o cheiro de flores.
Neste inverno, este sentimento de precisar de me recolher foi particularmente intenso. Talvez fruto de alguns anos passados a tentar correr atrás do prejuízo, a tentar compensar o atraso em tantas áreas da minha vida. Quis fazer tudo o que ainda não tinha feito: escola, emprego, casa, filhos. Não consegui recuperar o tempo perdido e fiquei de tal forma cansada que este inverno simplesmente desisti e descansei.
E agora, regressa a Primavera, a natureza renasce. Ouvi, pela primeira vez em meses (para não dizer anos), os passarinhos a cantar. Senti uma brisa mais quente, não precisei de andar de manga comprimida e com camadas de roupa em cima. Vivesse fora da cidade e o ar ia estar carregado com o cheiro das flores a despontar, das sementes a ganhar vida.
E é muito assim que me sinto: pronta para regressar à vida. O tempo de descanso está a chegar ao fim. Está na hora de acordar de novo para a vida.
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